Você não vai ligar se eu deixar de te ligar.

10 de junho de 2013

– Alô!
Quatro da manhã! Ela acha que pode ligar quando quiser.
– E não posso? – Já ralhou em segundos.
– Tu sabe que eu acordo cedo. Que é que tem de tão importante que não pode esperar?
Diz que acabou de chegar, saiu com uns amigos, lembrou de mim antes de rezar, pediu por mim a Deus, seja lá quem ele for.
– Até Deus ta dormindo agora.
Diz que não tenho coração, depois diz que me ama.
– Não to bêbada, porra!
Às vezes não sei por que eu ainda tenho telefone.
– Você não me ama mais! – Desliga chorando.
Terminamos à um ano. Às vezes imagino como seria se ela morresse e acabassem as ligações semanais. Me pergunto se eu enlouqueceria, se começaria a mandar tele mensagens na madrugada pra mim mesmo. O quão bizarro pode ser se habituar a uma coisa que te aporrinha as ideias nesse tanto? A verdade é que não sei qual de nós pirou primeiro.
O que realmente é irritante nisso tudo é a forma como ela sempre se lembra de mim. Num quarto vazio, sem ter o que fazer, sem alguém mais pra ligar. “Me bateu saudade.” O caralho! Saudade vem no meio de um monte de gente, quando mesmo assim falta um olhar de compreensão, um abraço mesmo, quando tem uma mesa cheia e tu queria, ainda assim, alguém pra dividir uma cerveja, saudade vem na hora boa também, mas nessa hora ninguém liga. É fácil sentir saudade depois de uma noitada, na hora em que precisa, quando qualquer outra pessoa interessante dormiu, ou é mais consciente que eu e não vai te atender chapada. Ela sente minha falta no tédio, e eu me sinto uma puta.
“Oi, me desculpa por ontem, acho que bebi demais, cê conhece. Enfim, você já ta acostumado com as minhas loucuras, não vou fazer mais merda. Desculpa mesmo, não queria incomodar. Espero que esteja tudo bem na sua vida. Se cuida.” Quando é que um e-mail, uma mensagem, uma carta, preenchem o vazio de ser só alguém pra preencher o vazio? Nem respondo. E me sinto errado, alguém ruim, depois deixo pra lá, já faz um ano. Nosso relacionamento acabou e virou telefonemas dizendo: “Sinto sua falta, só não fiz nada pra te ver porque já tava tarde, fazia frio.” Ou uma mensagem de “oi, como vai sua vida? Só to perguntando agora porque não sabia se devia.” Quando na verdade já é tarde pra ter saudade, como fica tarde pra sentir falta uns vinte anos depois de por um carrinho de brinquedo lá no canto do quarto, com a diferença de que depois, relacionamentos com pessoas não ficam bonitos na prateleira, não comove manter pessoas porque falta coragem de jogar fora. E não perguntamos da vida do outro porque não difere nossas mágoas, elas continuam ali. Um ano vira dois, porque temos receio de dizer o que sentimos e muito medo de perder o que já não encontramos mais.
Não desligo o telefone, não mudo o número, não mudo o endereço, porque quero, te espero ligar e me destruir em pedaços toda vez que disser que me ama, sente minha falta, às quatro da manhã, o único horário que dá pra te esquecer.
Devo mesmo ser um filho da puta. Você vai voltar a ligar e eu a ironizar o que tu diz que sente porque não acredito e sinto o mesmo, e sentir sozinho é uma bosta. E se você não ligar, eu ligo, pra desligar depois, dizer que foi engano, quando na verdade, tinha um seriado passando que me lembra você, que comprei um vinho, te queria aqui, só pra conversar, lembrar de bons dias.
– Alô!
– Desculpa ta ligando agora, mas…

Porra, me deixa dormir.


Igual

10 de junho de 2013

É só mais uma noite
Ouvindo demais sobre o que não quero
Tendo que por na cabeça o que não sou
Aqui do alto eu vejo muito
Mas seja de onde for
Ninguém pode realmente me ver.
É só mais uma noite
Pra perder o sono
E já ser tarde demais pra dormir quando ele vem
E eu me confundir sobre os números e a vida
Sobre o que querem que eu queira
Sobre o que quero de verdade
Mais uma noite pra eu sentir que decepcionei todo mundo
Só de pensar em ser eu
E só mais uma noite que você não ligou
Pra depois dizer que eu não liguei
Só mais uma noite em que eu me canso
Porque todas as noites da minha vida
São só mais uma noite
Em que eu acho que perdi
Tempo
Força
Eu
É só mais uma noite
Sem alguém pra contar da vida
Pra dividir uma bebida
Falar de uma banda boa que eu descobri
É só mais uma noite
Que você não perguntou sobre aquele livro que eu gosto
Nem sorriu quando eu falei do céu
Porque eu gosto tanto do céu à noite
E eu gosto tanto de você
Mas é só mais uma noite
Pra acumular coisas na cabeça
Esperar a chama chegar ao fim do pavio
E explodir.


It won’t matter when I turn 38

22 de abril de 2012

I take my eyes off you and think: “It’s nice, I’m free!”, but then it’s: “Oh wait, my mind still there.” And all I’d like to say is: “What’s your problem? Why do you do this?” Think I just got crazy, and it seems like every word I could spit out off my mouth could be used against me, every step a mistake. I mean, I like you, but, for real, I hate to.
Now, I should fake it’s fine to act like: “Ok, I can stay close to you without thinking about blowing up my mind” or “I’m fine. You ruined my favorite songs, but I’m fucking fine.”
I’m overeating, overdrinking, over doing bulshits.
And today I thought stayind home would be better, but nothing’s better. There’s no better.
Dammit, why don’t you like me?


11 de abril de 2012

Não pedi nada, ou pelo menos não lembro.
É uma droga, você se sente uma merda, mas ai pensa: tanto faz.
Já fodi tudo mesmo.
Duas mil coisas acontecendo, absolutamente nenhuma funcionou.
Nem o que era pra dar errado deu errado direito.
Dar o braço a torcer é uma merda, dar o braço a torcer por nada sou eu.
Preciso lembrar que tenho um imã pra gente que zoa com a minha cara, mas que zoa bonito.
Queria pedir desculpas pelas cagadas, mas deixa pra lá.
Você ainda é a pessoa mais linda desse mundo, e parece que depois que eu apaguei… foi melhor eu não lembrar de nada mesmo.


26 de outubro de 2011

Mas acho que ele nunca soube o que estava fazendo.
Ele sempre teve medo.
Sempre a deixou com medo de tudo o que sentia.
E no fim das contas, toda vez que estava prestes a ser real, ele ia embora.
Sempre o mesmo merda.
Ela sempre tão idiota.
E sempre resta a dúvida.
E um pouco do perfume.
E você fica com a chance de se bater até parar de gostar dele um pouco mais toda
vez que ele sorri.
Ou toda vez que ele diz que você fica bonita naquele vestido.
E ai some.
Talvez precise descansar, parar de pensar.
Colocar o cérebro de molho.
Desistir.
Talvez ela precise dizer a verdade de uma vez.
E ver ele sumir.
Porque é tudo o que você ganha por gostar de um merda.


Sheffield

26 de março de 2011

“Well now then Mardy Bum” e parece que eu vou vendo os meus defeitos em alguém que você conheceu. “Você sabia que daria problemas muito antes do primeiro beijo”. Você podia parar de saber tanto sobre mim.
“FAÇA A COISA ERRADA”, eu estou te implorando, eu sei, eu sei, você não precisa dizer de novo que não vai melhorar as coisas, mas só faça. “e todos esses putos a colocam perto demais de mim a ponto de não poder ignora-la”, porra, faça a coisa errada.
“Faça me um favor, me diga para ir embora!” Podia mesmo dizer, eu podia mesmo ir, eu queria tanto ir, faça me um favor, não pare de cantar. “How to tear apart the ties that bind?” Eu queria saber, você podia dizer, você sempre sabe o que dizer. “Talvez foda-se, seja muito gentil”
“Tenho certeza de que você poderia ter feito isso um pouco melhor por você mesmo” Eu ainda preciso te ouvir. Você sabe. Tirando minhas mãos dos seus olhos cedo demais, é, eu sempre estou a ponto de acabar com a surpresa.