A choice of Three

No túnel eu percebi que tinha uma escolha de três. Enquanto eu pensava cuidadosamente nelas, eu também imagino se elas percebiam o dilema em que tinham me colocado. O problema era que se eu olhasse o seu reflexo na janela da esquerda, perderia a imagem de você e seu reflexo na direita. E se eu olhasse pela direita, eu teria o mesmo problema, mas pelo lado oposto. A principio, pensei que devesse provavelmente me focar em um dos espelhos já que eles estavam prestes a desaparecer, mas a ideia rapidamente se esmoreceu e minha atenção se voltou para o centro, checando ocasionalmente cada um dos lados.
Eu devo dizer que chequei a autenticidade do seu cochilo alguns minutos antes. Assim que o trem partiu, suspeitei que esse poderia ter sido um artificio para evitar uma conversa. Apenas considerei isso por um momento, contudo, quando ouvi sua respiração pesada e o som de engolir foi que decidi que seria muito embaraçoso fingir, o que me levou a concluir que seu cochilo não era uma fraude. Tive dificuldade para me concentrar em qualquer outra coisa enquanto você se afundava sob seu casaco.
Encantado com o fato de termos esperado até esse horário para viajar, e assim a noite pode saltar através dessas bochechas dorminhocas mas me desencorajando com a probabilidade de ser removido para uma cadeira oposta a sua. Eu sabia que aquela estava reservada, mas esperei que quem quer que tivesse reservado tivesse desistido.
Parecia que hoje eu estaria salvo, o trem não estava tão cheio, mas eu fiz uma pausa para analisar o tempo que fui menos afortunado. Me lembrei disso com uma vivacidade refrigerada, quando estávamos no caminho para Brighton. Eu sabia que seria o assento dele, assim que o vi na plataforma empacotando e checando mais uma vez as coisas. Algo sobre o rosto dele sugeria que tivesse tido por anos um bigode e que não fazia tempo que o havia removido. Ele não iria pensar duas vezes sobre me eliminar, especialmente considerando que ele teria a chance de sentar com você.
Apesar de sua bota de caminhada em um meio de transporte ser bastante revoltante, não foi isso que fez minhas mãos ficarem tensas entre garras ácidas de náuseas. Foi a maneira como ele disse: “Você está no meu lugar.” Sem “com licença”, sem educação certamente, apenas o rígido e hediondo fato. O baque com o qual isso desembarcou, expeliu toda a minha preparação. Antes que eu me lembrasse dos meus planos de fingir que estava dormindo, surdez, francês, ou apenas me sentar lá porque alguém estava no meu lugar, eu estava andando pra procurar outra vaga.
Eu acabei infelizmente ao lado de uma garota com traseiro de garoto. Eu sabia disso porque ela tinha se levantado e estava longe quando me sentei no que pensei serem dois lugares vagos. Me inquietou quando estávamos reunidos na plataforma e você brutalmente me informou: “aquele homem era realmente bastante agradável, na verdade.”
Hoje pensei que fosse melhor ter certeza de que aquilo não fosse acontecer novamente e coloquei meu ticket sob meu assento. Isso levou algumas tentativas e a fachada de pendurar o casaco para se completar. Eu fui terrivelmente cauteloso. Há uma forma de punição para tais atos com multa, até onde sei. Mas essas algemas estavam no fundo da minha mente enquanto eu esmagava a reserva em meu punho oculto. Dobrando e apertando, como se fosse aquela fera no caminho para o mar.
Felizmente, não houve retribuição. Pelo contrário, o trem ficou mais silencioso enquanto a viagem prosseguiu.
Então, no túnel, incapaz de decidir, minha cabeça se agitou pensando por essa trilogia de ângulos. Ângulo pós ângulo, até que estivéssemos do lado de fora.
Meus espasmos frenéticos sem dúvida fizeram o homem da mesa adjacente estreitar os olhos ao minimo, creio eu.
Não sei com certeza.
Não tive tempo de adiciona-lo ao ciclo.

Alex Turner

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