Auto – destruição

1 de abril de 2013
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Fools & Worthless Liars

É muito chato, mas a gente se sente meio errado por ‘sentir’. Toda a saudade, o afeto e a tristeza escondidos pra não parecer tão idiota. “Porque me vale muito mais fingir que estou oco.” A quem? Esse sou mais eu, tão seguro de si, mas e então? Na hora do escuro, da cabeça no travesseiro, quando não dá pra mentir, como é que a gente continua?

Almejando esse poder viver da verdade, esse: “ontem estávamos tão bem, hoje não, e pronto, só isso, meio que sem motivo.” E assim a vida segue, talvez sempre sem razão, como eu. Não é nada demais. Somos só nós sendo nós, não tendo um bom dia, ou uma boa semana, não concluindo o ano muito bem, e tudo o que pedimos é para não ter que fingir gratidão por estarmos vivos, não nos dias em que a gente só sobreviveu.

Admitir que sente falta, que o presente nos consome, mas como reflexo do passado, e não dá pra nos negar em frente ao espelho. Faz falta sim, faz falta o carinho, o afeto, as conversas, faz falta nós mesmos, tudo o que já fomos ou já pudemos ser. E isso não quer dizer querer de volta, ou muitas vezes quer sim, e qual o problema? Por que é que não se pode sentir? Qual o grande erro em admitir que somos como qualquer pessoa e queremos muito o que não podemos e não temos tudo o que queremos? E essas coisas machucam sim, porque somos humanos, não menos que qualquer um. Qual o problema em projetar em voz alta o que a gente tem vontade? Pra que se censurar tanto e se prender numa casca pra parecer mais forte? E quando virmos que já nos perdemos, já perdemos demais, só porque agimos como se fosse ruim ser o que fomos feitos pra ser: nós mesmos. Sem precisar explicar ou coibir.

Mas então a gente se fecha e se enclausura no que relacionamos correto. E o correto é o medo, é se esconder atrás dele, porque tememos deverás o que passa dentro das nossas próprias mentes, e as proporções que isso pode tomar. Temos medo da rejeição, e nos rejeitamos, ignoramos o que somos como ignoramos os sem-teto, passamos por cima, tropeçamos, mas preferimos ser cegos, invés de estender a mão. Fazemos isso todos os dias, eu faço isso. Só quero dizer que é chato demais, que cansa esse teatrinho de “viver”, quando na verdade estamos só procurando uma fuga, um substituto.

Nos limitamos a essa mesmice, mesmo com tanto a dizer. Nunca soubemos nossos limites, porque nunca nos testamos com sinceridade.  O ser humano não sabe o quão vasto pode ser, o quão longe pode ir, nem as coisas incríveis que pode fazer, porque prefere se prender ao medíocre. E isso é triste, deixamos para nós a pior das possibilidades. Não nos permitimos ao menos uma vez não precisar explicar pra todo mundo o que somos, porque ficamos perdidos a vida toda nessa ânsia de entender a nós mesmos, quando talvez tudo o que precisemos seja exatamente deixar estar.


15 de março de 2013

No escuro, quando surge uma luz
A gente agarra.
E se pergunta pra onde vai
Como chegou até aqui
Quantas histórias por trás
Quanta chuva e frio
Quanto sol de rachar
E quanto vento pra embaralhar
Quantas paredes pra riscar de giz
Escrever verdades já ditas
E chorar lágrimas que não caem
O pior do sentimento 
É o que se perde por não conseguir mostrar
Como quando está muito escuro
E só tem uma luz
Mas a gente nunca chega
Porque descobre que ta indo
Mas é pra outro lugar.


Nada

22 de fevereiro de 2013

Deixa assim, vou só sentar aqui,
olhar pela janela o mundo correr lá fora,
correr de mim.
Vou só ouvir mais essa música,
Tentar fazer de nós uma lembrança boa
Uma história daquelas que a gente precisa contar

E pode ser que seja tarde pra dizer
Pra te lembrar que eu não sou boa ideia
Que eu faço tudo errado
Que eu me faço toda errada
Mas me desfaço por você

As páginas que não li,
As músicas que não ouvi
E as coisas que não falei
Todas as vezes eu eu faltei
Que eu fui pouco
Mais um adeus que eu só acenei
Perdoa
“ ‘guenta um pouco essas horas longe”
Eu quis dizer
“vo ta contigo cada minuto, vê se fica comigo também”
Quando eu só disse
Tchau.

Quando eu queria saber como foi seu dia
Se tudo bem
Te contar do filme bom que eu vi
E como a música no final me lembrou você
Mas invés disso não disse nada,
Nem te escrevi ou liguei
Não mandei sinal,
Só fingi que nada demais nós dois
Que não faz falta
Que vivo bem só
E ainda me pergunto por que aqui é tão
Vazio.


Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa. Qualquer coisa que se sinta.

4 de dezembro de 2012

Tenho descoberto muitas coisas. Descobri que não é só porque você quer que as pessoas fiquem que elas vão ficar, e que muitas vezes você não vai ser uma das coisas mais importantes da vida de alguém que é uma das coisas mais importantes da sua. É engraçado, porque é justamente o que não era pra ser, e a vida é assim.
Murphy sempre teve razão.
Minha vida toda virou de ponta cabeça, de um jeito que não sei mais pra onde ela vai me mandar, e pela primeira vez tenho medo disso. Não de ir, nem de ficar, mas desse meio termo, dessa incerteza, desse meu copo sempre meio vazio. Coloquei as coisas no lugar, que já não estavam no lugar e nem estão. Porque meu lugar não é aqui. No meu lugar eu poderia admitir que já não da pra suportar, mas aqui não, aqui eu digo que vai tudo muito bem, que tanto faz, que tanto fez, e faço de mim uma versão da verdade mais casta disso. E é. Pois não estou no meu lugar, não da pra dizer que não.
Tenho pensado nesses extremos da vida, em que aqui dentro do meu quarto, ainda consigo ouvir que sou grande coisa, mas lá fora, ah… Lá fora o mundo me engole. Lá fora eu sou um rabisco dos meus rabiscos, e os meus rabiscos não são nada. Lá fora é onde eu quero estar.
– Me deixa ir pra qualquer lugar!
Só não me deixa aqui… E logo eu que gosto de ficar sozinha. Justo eu, venho pedir custódia, venho pedir não um ombro, pra que um pedido maluco desses? Peço uma cabeça que entenda, que queira entender, ou ao menos se preocupe.
Mas ah, tudo bem, descobri também que essa melancolia já afastou demais. Não sei se me perdi ou só agora me encontrei.
Por onde será que eu andei?

(Ando ouvindo muita música triste, deve ser isso.)


Llévame de dónde vengo

11 de outubro de 2012

A gente fica nessa ânsia de tentar explicar da onde veio, e quem é que ta certo quando diz o que é que aconteceu e que grande catástrofe iria querer que a gente existisse, mas a gente tem essa pretensão de acreditar que existe mesmo alguma coisa que pensou ser legal fazer de nós marionetes gigantes, que pensam que são tão donas de si, mas que não conseguem simplesmente acreditar que talvez não tenha explicação mesmo, e seja melhor assim. Essa ignorância que às vezes faz de nós pessoas melhores, esse ‘não sei e não quero saber’, que da aquela liberdade de não ter que saber tudo ou fingir que sabe. Porque é difícil aceitar que talvez seja só o nada
É que parece tão injusto tentar buscar por coisas tão grandes quando ainda não sabemos dominar o mínimo de nós, e o que sabemos sobre nós? Eu não sei nada, eu não sei o que esperar de mim, e é como viver com um desconhecido, esperando o próximo passo, olhando em cada canto pra ver o que ‘ta’ fora do lugar porque com certeza foi ele quem bagunçou. Mas ele sou eu, e eu não sei quem sou.
Eu não sei de onde vim, nem pra onde eu vou. E às vezes quero saber, é verdade, mas é sempre aquela angústia, vomitando coisas pra pensar dentro da minha cabeça, e eu devo ‘ta’ de porre todo dia mentalmente. Só que eu sempre lembro, aquilo que eu disse e fiz, e cada olhar de longe dizendo pra eu ir embora mesmo quando os lábios acabaram de dizer “olá”.
Acaba que fode muito com a cabeça, a condição de ser, de estar, de onde será que veio… Eu


depois que as luzes apagaram…

28 de julho de 2012

Acho que me curei, sei lá, cansei de me martirizar por sentir demais, e você chegou quando eu já tinha parado, quando eu já tinha aprendido a cuidar de mim sozinha. Não to dizendo que não quero, muito menos que vou dizer pra deixar pra depois, pra gente esquecer, ou que é muito complicado, como você mesmo já disse, mas também não to dizendo que tudo bem, que vamo lá, tava mesmo te esperando. Não tava.
Você foi consequencia, como tudo na minha vida, só mais uma consequencia de alguma merda que eu já fiz. Não to me queixando, há males que vem para o bem. Mas minha cabeça não para, e não é brincadeira, desde que isso tudo começou eu não me dei uma folga, nem uma folga de você. Você me deixou louca, e agora, não quer dizer que eu esteja menos, mas sei lá, minha loucura ta ligando mais pra mim.


20 de julho de 2012

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Cansaço mental

28 de maio de 2012

Mas a vida segue e as pessoas esquecem da gente, ou a gente esquece das pessoas, ou a gente fica ocupado demais fazendo coisas que não gostamos pra lembrar. Os carros não param, as ruas não param, parece que a gente tenta parar, mas não dá. A cidade não deixa.
“Morreu de tanto pensar”, vão escrever na minha autópsia. “E pensou errado”, as pessoas vão dizer. E eu pensei demais. E as chances passaram, assim como os dias, assim como a minha paciência pra gente tosca, pra gente mais tosca do que eu.
Se vocês parassem de falar de amor e começassem a falar que puta que pariu, como é legal quando da pra ficar quieto ao lado de alguém e se sentir bem. Se vocês parassem de usar a merda que está a vida pra justificar a merda que vocês são. Pelo menos isso, faria de nós um pouco menos babacas, ou babacas um pouco mais inteligentes.
Ou vamos botar fogo em alguma coisa e justificar nossas cretinices com um copo de bebida.
Mas eu queria prometer pra mim mesma não esquecer da vida por estar fazendo dela o que não quero.


A choice of Three

26 de abril de 2012

No túnel eu percebi que tinha uma escolha de três. Enquanto eu pensava cuidadosamente nelas, eu também imagino se elas percebiam o dilema em que tinham me colocado. O problema era que se eu olhasse o seu reflexo na janela da esquerda, perderia a imagem de você e seu reflexo na direita. E se eu olhasse pela direita, eu teria o mesmo problema, mas pelo lado oposto. A principio, pensei que devesse provavelmente me focar em um dos espelhos já que eles estavam prestes a desaparecer, mas a ideia rapidamente se esmoreceu e minha atenção se voltou para o centro, checando ocasionalmente cada um dos lados.
Eu devo dizer que chequei a autenticidade do seu cochilo alguns minutos antes. Assim que o trem partiu, suspeitei que esse poderia ter sido um artificio para evitar uma conversa. Apenas considerei isso por um momento, contudo, quando ouvi sua respiração pesada e o som de engolir foi que decidi que seria muito embaraçoso fingir, o que me levou a concluir que seu cochilo não era uma fraude. Tive dificuldade para me concentrar em qualquer outra coisa enquanto você se afundava sob seu casaco.
Encantado com o fato de termos esperado até esse horário para viajar, e assim a noite pode saltar através dessas bochechas dorminhocas mas me desencorajando com a probabilidade de ser removido para uma cadeira oposta a sua. Eu sabia que aquela estava reservada, mas esperei que quem quer que tivesse reservado tivesse desistido.
Parecia que hoje eu estaria salvo, o trem não estava tão cheio, mas eu fiz uma pausa para analisar o tempo que fui menos afortunado. Me lembrei disso com uma vivacidade refrigerada, quando estávamos no caminho para Brighton. Eu sabia que seria o assento dele, assim que o vi na plataforma empacotando e checando mais uma vez as coisas. Algo sobre o rosto dele sugeria que tivesse tido por anos um bigode e que não fazia tempo que o havia removido. Ele não iria pensar duas vezes sobre me eliminar, especialmente considerando que ele teria a chance de sentar com você.
Apesar de sua bota de caminhada em um meio de transporte ser bastante revoltante, não foi isso que fez minhas mãos ficarem tensas entre garras ácidas de náuseas. Foi a maneira como ele disse: “Você está no meu lugar.” Sem “com licença”, sem educação certamente, apenas o rígido e hediondo fato. O baque com o qual isso desembarcou, expeliu toda a minha preparação. Antes que eu me lembrasse dos meus planos de fingir que estava dormindo, surdez, francês, ou apenas me sentar lá porque alguém estava no meu lugar, eu estava andando pra procurar outra vaga.
Eu acabei infelizmente ao lado de uma garota com traseiro de garoto. Eu sabia disso porque ela tinha se levantado e estava longe quando me sentei no que pensei serem dois lugares vagos. Me inquietou quando estávamos reunidos na plataforma e você brutalmente me informou: “aquele homem era realmente bastante agradável, na verdade.”
Hoje pensei que fosse melhor ter certeza de que aquilo não fosse acontecer novamente e coloquei meu ticket sob meu assento. Isso levou algumas tentativas e a fachada de pendurar o casaco para se completar. Eu fui terrivelmente cauteloso. Há uma forma de punição para tais atos com multa, até onde sei. Mas essas algemas estavam no fundo da minha mente enquanto eu esmagava a reserva em meu punho oculto. Dobrando e apertando, como se fosse aquela fera no caminho para o mar.
Felizmente, não houve retribuição. Pelo contrário, o trem ficou mais silencioso enquanto a viagem prosseguiu.
Então, no túnel, incapaz de decidir, minha cabeça se agitou pensando por essa trilogia de ângulos. Ângulo pós ângulo, até que estivéssemos do lado de fora.
Meus espasmos frenéticos sem dúvida fizeram o homem da mesa adjacente estreitar os olhos ao minimo, creio eu.
Não sei com certeza.
Não tive tempo de adiciona-lo ao ciclo.

Alex Turner


It won’t matter when I turn 38

22 de abril de 2012

I take my eyes off you and think: “It’s nice, I’m free!”, but then it’s: “Oh wait, my mind still there.” And all I’d like to say is: “What’s your problem? Why do you do this?” Think I just got crazy, and it seems like every word I could spit out off my mouth could be used against me, every step a mistake. I mean, I like you, but, for real, I hate to.
Now, I should fake it’s fine to act like: “Ok, I can stay close to you without thinking about blowing up my mind” or “I’m fine. You ruined my favorite songs, but I’m fucking fine.”
I’m overeating, overdrinking, over doing bulshits.
And today I thought stayind home would be better, but nothing’s better. There’s no better.
Dammit, why don’t you like me?